domingo, 29 de maio de 2011

Somos quem queremos ser?

Aqui estou, solitário em minha cama na madrugada de sábado para domingo... não sei, mas acho que agora irão começar meus devaneios a justificar o blog.

A cada dia mais começo a perceber a fragilidade de nossa existência, nossa fraca e vã existência, sempre mais condicionada num mundo sem opções. Ultimamente desisti de questionar o condicionamento provocado por ideologias cada vez mais imbecis mas capazes de arrastar multidões para começar a questionar a validade de nossa própria existência.

Até que ponto estamos vivendo autenticamente? Como posso confortar-me sabendo que fiz as escolhas certas, se nem mesmo sei se tenho opções ou se sou eu mesmo quem decide. Creio que não deveria me questionar quem sou, mas quem é... quem, nesse mundo é capaz de afirmar sua existência em contraposição ao não-ser... quem pode provar existir sem usar dos meios consensuais que criamos? Como posso afirmar que sou, e pior, que sou o que deveria ser, se não consigo nem mesmo viver essa vida medíocre (ou não) que alguém (quem sabe eu mesmo) escolheu/determinou para mim.

Como saber se estou sendo quem deveria ser se nunca pensei em não sê-lo? Como seríamos hoje se mudássemos nossas decisões passadas, se tivéssemos tido a coragem de fazer o que nossos sentidos ou nossa razão nos incitava? Até que ponto compensa uma vivência ética aos moldes aristotélicos, se essa felicidade for retardada para um futuro que nem sei mesmo se há?

Esse Donizeti, sozinho em sua cama nessa madrugada quase fria é quem deveria ser? é ao menos quem gostaria de ser? ou não lhe imputado o direito de impor sua própria existência? Não quero negar-te, caro Sartre, mas minha existência parece cada vez precedida por minha essência... Sinto-me uma criança que nasceu para preencher uma roupinha vazia... nada mais.

Por: Donizeti Pugin

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Ei, amigos... reconhecem nossos amigos? Que tal batermos um papinho sobre as teorias deles??? Paralelos interessantes, não??

Eternos prostitutos do saber...

Essa manhã, participei de um debate em vista da escolha do livro didatico de filosofia para o ensino medio no ano que vem. Após conversarmos muito sobre cada uma das tres opções que tínhamos, chegamos a um consenso sobre um livro, que, segundo nossa vã opinião, seria mais útil devido sua clareza metodológica e linguagem acessível.

Em meio ao debate, não nos atemos ao caráter filosófico dos manuais, mas sim à sua funcionalidade acadêmica. Ora, seria mesmo correto, ao se tratar de filosofia, deixar de lado o manual mais denso, de caráter bem mais filosófico do que os demais simplesmente por não se adaptar à utilidade que pretendemos retirar dele? Lembro-me da contínua afirmação grega da "inutilidade" da Filosofia, enquanto pensamento não condicionado e esteriotipado pela sociedade. E nisso consistia sua utilidade. Era útil e importante pois não se constituia como um saber prático ou poiético mas sim com exercício teórico sobre o Ser (Deus, Homem e Mundo) sem a obrigação de atender às necessidades dos mais abastados e preguiçosos.

Temo estarmos prostituindo nossa querida Filosofia, tal qual os antigos sofistas, pensando apenas numa maneira de tornar agradável algo que, de princípio, não deveria sê-lo. Temo reduzir a Filosofia à simples compreensão crítica da História, o que não corresponde à sua inteireza. Como propiciar uma inciação ao filosofar como queria Kant se nos limitamos a vendê-la de porta em porta como os rapsodos gregos faziam com seus mitos? Como fazer de nossas aulas de Filosofia um lançar-se na Transcendência, para fora de nossa caverna, como queriam Jaspers e Platão?

Terminamos a reunião com uma utópica frase: Quem sabe, um dia, nosso Ensino Medio esteja preparado para usar um manual desse porte nas aulas de Filosofia... quem sabe... só espero estar vivo quando isso ocorrer.

Por: Donizeti Pugin

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Quero me enfiar numa caverna ao modo platônico...

Demorei muito pra postar esse meu devaneio... mas nao consegui aguentar kakakak....

A uns dias atrás, dei como atividade para uma turma de alunos do 1º ano do Ensino Médio a tarefa de lerem o fragmento da "República", de Platão, sobre a alegoria da caverna e que preparassem um teatro apresentanto-a, e, se possível, atualizando-a. Quando vi o resultado quase caí de costas. As duas equipes prepararam teatros quase idênticos, mostrando que, na verdade, pouco compreenderam do texto, o que se percebeu pela apresentação e distribuição dos personagens. Isso me deixou pensativo, pois confirma meu ultimo post, sobre a mediocridade humana, que "força" as pessoas a se acomodarem e não pensarem. Não sei se o problema estava no texto ou no leitor, que pelo visto, precisava ser iniciado na "arte da leitura"... Agora, se alunos que daqui a no mínimo três anos estarão ingressando nas universidades (ou nem isso) não conseguem interpretar um texto, como posso ter esperança de um futuro tranquilo sabendo que essa geração governará meu país quando eu já estiver aposentado...

Pior que isso: depois da obrigatoriedade do ensino de Filosofia/Sociologia no Ensino Médio brasileiro, o Brasil é o país que concentra o maior número de alunos expostos à elas... Que mediocridade nos espera num futuro não muito distante?  Não vejo outra solução a não ser me esconder perto da fogueira da caverna platônica, pois temo que o próprio Sol desanime de brilhar ao perceber quão deprimente é o estado daqueles que julgam ter saído da caverna...

E você, minha cara amiga/caro amigo? andas nessa mediocridade também ou é daqueles que já leram ao menos um gibi da mônica esse ano???...

por: Donizeti