sexta-feira, 27 de maio de 2011

Eternos prostitutos do saber...

Essa manhã, participei de um debate em vista da escolha do livro didatico de filosofia para o ensino medio no ano que vem. Após conversarmos muito sobre cada uma das tres opções que tínhamos, chegamos a um consenso sobre um livro, que, segundo nossa vã opinião, seria mais útil devido sua clareza metodológica e linguagem acessível.

Em meio ao debate, não nos atemos ao caráter filosófico dos manuais, mas sim à sua funcionalidade acadêmica. Ora, seria mesmo correto, ao se tratar de filosofia, deixar de lado o manual mais denso, de caráter bem mais filosófico do que os demais simplesmente por não se adaptar à utilidade que pretendemos retirar dele? Lembro-me da contínua afirmação grega da "inutilidade" da Filosofia, enquanto pensamento não condicionado e esteriotipado pela sociedade. E nisso consistia sua utilidade. Era útil e importante pois não se constituia como um saber prático ou poiético mas sim com exercício teórico sobre o Ser (Deus, Homem e Mundo) sem a obrigação de atender às necessidades dos mais abastados e preguiçosos.

Temo estarmos prostituindo nossa querida Filosofia, tal qual os antigos sofistas, pensando apenas numa maneira de tornar agradável algo que, de princípio, não deveria sê-lo. Temo reduzir a Filosofia à simples compreensão crítica da História, o que não corresponde à sua inteireza. Como propiciar uma inciação ao filosofar como queria Kant se nos limitamos a vendê-la de porta em porta como os rapsodos gregos faziam com seus mitos? Como fazer de nossas aulas de Filosofia um lançar-se na Transcendência, para fora de nossa caverna, como queriam Jaspers e Platão?

Terminamos a reunião com uma utópica frase: Quem sabe, um dia, nosso Ensino Medio esteja preparado para usar um manual desse porte nas aulas de Filosofia... quem sabe... só espero estar vivo quando isso ocorrer.

Por: Donizeti Pugin

Nenhum comentário:

Postar um comentário