sábado, 26 de março de 2011

SBT... Solitários... Ideologias e Valores

Você se considera uma pessoa forte? Encararia qualquer desafio por uma grande recompensa? Se você é uma pessoa que gosta de testar os seus próprios limites físicos e emocionais, venha participar do novo programa do SBT. Envie uma foto e inscreva-se já! Tudo o que você precisa é estar disposto a se superar.


Essa é a mensagem que se encontra no site de inscrição para o programa Solitários, reality show do SBT onde 9 participantes passam por várias provas com a finalidade de testar suas forças físicas e emocionais, concorrendo a um prêmio no valor de 50 mil em barras de ouro.


Em um dos últimos post, a Anna Lígia nos partilhava sua angústia em relação à postulação de valores/conceitos pelos indivíduos, fortemente influenciados por ideologias de todos os tipos. Bem, esse programa tem muito a ver com esse debate. Assitindo-o na última quarta-feira, que por sinal foi a final de mais uma edição do programa, uma prova chamou-me a atenção e me fez retornar aos escritos da Anna. 


Os dois últimos participantes, como "prêmio" por terem cumprido a última prova, puderam rever alguns objetos especiais para eles, que haviam trazido quando iniciaram o reality. Enquanto um dos competidores recebeu seu tapete onde realizava suas seções de Yoga, o outro recebeu uma foto de sua formatura, ao lado do seu pai, que desde já lhe fez chorar de saudades.


Acontece que, pare testar "os seus próprios limites físicos e emocionais", como avisavam na inscrição, eles teriam que cortar (o tapete) e rasgar (a foto). Neste momento, enquanto um participante já estava cortando seu tapete, o que havia recebido a foto recusou-se de rasgá-la, pois lhe revelava um momento importante na vida dele, além da presença do pai na foto. Diante de ameaças de perder o jogo por não cumprir a tarefa, ele desabafa que se perder por causa disso, ao menos perderá com orgulho, pois não trairia seus valores familiares.


Pois bem, acontece que a pressão externa, que lhe lembrava de todas as provas que já havia realizado, lhe fez rasgar a foto. Em prantos, executa sua tarefa. Agora segue-se meus questionamentos: pode parecer-nos coisa boba recusar a rasgar uma simples foto, mas acontece que aquela era para ele um símbolo de toda sua vida até aquele momento e a presença do pai era o que lhe dava forças. pedir para rasgar essa foto é fazer cair por terra todos os valores que até aquele momento ele havia escolhido para si.


Essa não seria a prova de que ideologias, enquanto pressões externas, acabam por postular nossos valores/conceitos, fazendo apenas com que nós o aceitemos (mesmo que isso fira nossos valores mais sagrados) como algo "necessário" para sobreviver num mundo que o desafia a cada momento? 


Pensem nisso...


Donizeti Pugin

Um comentário:

  1. Nossa ;O
    Não vi esse final...
    Ótima reflexão!
    e Parabéns aos dois pelo blog, muito interessante (:

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